Cama de Casal

img_8224Dois DJs, uma cabine. Uma noite por mês o Lux vai juntar duplas improváveis. Cama de Casal é uma aventura musical sem preconceitos. A estreia é com Rui Vargas e Kristian Beyer, metade de Âme. O que vai acontecer nem eles sabem, mas nós podemos ter uma ideia…

O que torna uma saída à noite especial? Os amigos, os desconhecidos, a conversa, o facto de ser noite e das sombras revelarem quase tanto quanto escondem? Pode haver muitas desculpas mas, na essência, tudo se resume à aventura, às infinitas possibilidades de desviar o curso normal do quotidiano. Não que isso aconteça sempre, ou sequer assim devesse ser, mas basta haver a possibilidade de isso acontecer para que sair à noite seja melhor opção do que ficarmos no casulo, perdidos na net, agarrados ao telecomando, ao amor ou a um loop mental qualquer. Claro que cada um corre para as aventuras que quer, e eu gosto de correr para as que têm música porque acredito que isso enriquece, desafia e liberta. A música fala por nós e para nós num diálogo que, quando afinado, pode levar-nos para lá do que os nossos delírios mais extravagantes alguma vez se atreveram a imaginar. Word!
Cama de casal é isso. A aventura da música vivida na intimidade de uma cabine, transmitida para uma pista de dança ávida de surpresas e voyeurista o suficiente para deixar crescer a expectativa e mantê-la até ao fim. Traduzo. Cama de casal é a mais arrojada das experiências musicais do Lux e vai devolver uma considerável parte da aventura à noite, porque aposta na improbabilidade. A ideia é juntar, por uma noite, dois DJs que partilham afinidades mas têm percursos separados. O encontro é sem rede, parte do improviso, constrói–se como um diálogo num pingue-pongue de discos que pedem outros discos, que pedem outros discos. Pode saber-se como começa, mas só se adivinha como poderá prosseguir e nunca se sabe como irá acabar.
O todo será sempre mais do que a soma das partes e não será com matemática, ou cálculo de probabilidades, que poderemos calcular o resultado. Os discos de um + os discos de outro x as pessoas na pista + (a raiz quadrada do local/o momento) + a inspiração ao quadrado + o infinito imponderável, é uma equação com demasiados factores complexos para ser resolvida assim, a frio… e tratando–se de Rui Vargas e Kristian Beyer, (Âme) mais difícil ainda. Aposto que têm discos que nós nem sonhamos! Os primeiros a experimentar esta cama de casal já encheram muitas pistas, emocionaram e divertiram milhares de pessoas e até já tocaram juntos, mas nunca desta maneira, em módulo provocação/resposta, disco a disco, como um jogo. Esta noite será uma aventura para eles, mas também para nós. A cama é de casal mas cabemos lá todos. Não é para uma relação a dois, é para uma celebração colectiva numa noite de aventura.

Partilhar uma cabine de DJ é como partilhar uma cama? Requer um certo nível de intimidade?
Kristian Beyer – Não é exactamente o mesmo mas temos que nos conhecer muito bem e claro que tem que haver alguma simpatia caso contrário não funciona. Não há muita gente neste mundo com quem eu gostasse de fazer uma coisa destas.
Rui Vargas – Em muitos aspectos é mais íntimo partilhar uma cabine, e mais revelador das qualidades e defeitos do parceiro. Por exemplo, é menos grave perceberes que o outro ressona ou dorme de peúgas do que lhe descobrires na mala um disco dos Van Halen.

Vão partilhar a cabine do Lux. Perguntaram um ao outro que discos vão levar?
K.B. – De todo, mas confio no gosto e habilidade do Rui e é um desafio reagirmos às escolhas um do outro
R.V. – Seria a mesma coisa que saber previamente a lingerie/underware que a/o parceira/o vai usar. A noite terá de ser assente no risco, na surpresa, no improviso e no killer instinct.

Como preferem os preliminares? Longos para aumentar a expectativa ou rápidos e seguir directo para a festa?
K.B. – Diria uma mistura dos dois mas depende da situação no clube, especialmente do público.
R.V. – Eu gosto de estender os preliminares quase a um ponto insustentável, para culminar numa erupção de luz, cor e SOM. A partir daí, festa!

Preferem tomar a iniciativa e dirigir a acção ou ser guiados/influenciados pelas escolhas do outro?
K.B. – Se vai ser uma grande noite tem que ser um pouco como um bom jogo de xadrez.
R.V. – … ou um bom jogo de cama

1 disco para chamar a atenção
K.B. – Âme “Setsa”
R.V. – The Undisputed Truth “Undisputed”

1 disco para os preliminares
K.B. – Carl Craig “Sandstorm”
R.V. – Kellee Patterson “I’m Gonna Love You”
1 disco para o love making
K.B. – qualquer um do Marvin Gaye:-)
R.V. – John Cage “4’33’’”

1 disco para o orgasmo
K.B. – Lil Louis “French Kiss”, claro
R.V. – of course…

1 disco para depois do amor
K.B. – Fallout “The Morning After”
R.V. – Depeche Mode “Enjoy the Silence” ou Photek “Mine To Give”. “…if this won’t make you happy, I don’t know…”

1 disco para espalhar o amor pela pista
K.B. – Rolling Stones “I Miss You”
R.V. – The Emotions “I Don’t Wanna Loose Your Love”

2 Responses to “Cama de Casal”


  1. 1 kamtchaka

    “Luxúria”.

    O termo existe para descrever noites como esta, no local em questão.

    Noite fantástica a todos os níveis (só ficando a faltar uma temperatura menos fria). De resto… ambiente, som, djs, caras, sorrisos… brilhante!

    QUERO MAIS!!!

  2. 2 IPL

    Subtilezas de uma linguagem técnica…

    Também gostei das escolhas de música… (“faseadas”).

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