DEMO

Dicionário Teosófico (Parte II) para usar 

à noite:

E6 – O código não engana: trata-se de um intensificador de sabor sintético inimigo de qualquer estilo de vida Bio (“o Eco que se lixe”, diz o egoísta, “o Bio é que é!”). Um aditivo alimentar perfeito que cresceu a par da inevitável desideologização crescente. Os E6 tornam tudo mais saboroso, mmm… de diferentes épocas e países: o Perna-de-pau, as bolachas Maria, o pudim chinês, as pastilhas Pirata, o Doctor Pepper. Mas será que nesta sociedade onde se afirmou que “depois de Auschwitz, a poesia jamais será possível” e onde eu contra-afirmo que depois de Bush jamais será possível romance (teoria desenvolvida com a Miss Dove) não podemos constatar (em vingança total) que os E6 são o verdadeiro amigo do egoísta, ou melhor, o nosso melhor amigo? Estou com “Lights and Music” dos Cut Copy on my mind e portanto vejo na maquinaria do Lux (projectores de luz e vídeo e laser, led wall, neons multi-cor, mesas de som e luz, colunas de som, enfim, todo um arsenal de guerra semiótica!) esse intensificador por excelência! Julgo que temos nesse excesso desnecessário (tão cobiçado por artistas sem-abrigo) a possibilidade da transversalidade de fantasia nos corpos desejosos tentando fugir à pulsão do vazio. Piratas e Pernas-de-pau, Marias, chineses e doutores todos, mmm, podem agora dançar cercados pelo estéreo e vislumbrando-se belicamente por entre as luzes que agem como maquilhagem aérea. De E.T. a E6 i.e. de bio-extra-terrestre a falso mundo térreo: talvez o E6 traga consigo o apaziguar daquele tipo de histeria nostálgica (histórica) que não possibilita o desenvolvimento histórico. É que o presente está melhor que nunca, mas que venha o nosso futuro!

-Lasers, por favor, eliminem o hedonismo porque “our holding hope open for The One is making us wait”.

Esquema de pirâmide – Existe a pirâmide etária/demográfica, e a pirâmide hierárquica, a pirâmide de chocolate e até uma contra-pirâmide de pernas para
o ar. O que aqui interessa é o esquema de pirâmide versão “mecanismo comercial não-sustentável” que é proibido em tantos países porque do seu funcionamento obscuro sai sempre alguém lesado! Começo desde já por uma pergunta: Mas não sairá também lesado tudo o que
é transgressão inerente da hegemonização democrática? Em Portugal as tais negociatas em pirâmide também são proibidas, mas talvez já seja tempo de fazer uma releitura deste modelo que me parece representar o oposto de tudo o que sobre ele é dito, até porque a realidade desmente a toda a hora a negatividade latente! O esquema de pirâmide é o oposto do reticulado, É, mas o esquema de pirâmide é também o que nos faz ter uma média alta na primária garantindo-nos entrada directa na secundária. Dominar relativamente a matéria de estudo e aliá-la a um comportamento aparentemente exemplar (comprar a professora com sorrisos, private jokes, presentinhos de natal e uma obediência cínica) resultou sempre em sermos presenteados com boas notas… e pequenas festas no nosso cabelo aloirado pelo champô de camomila. Toda a sociedade é estruturada nesse gesto vazio: a troca social (e porque tempo
é dinheiro estamos a falar de muitos dólares invisíveis!). Não teremos nos clientes habituais do Lux (quando futuros-amigos–por-vir) o topo de uma dessas pirâmides por excelência? Funciona assim: vamos entrar no Lux, numa noite ou numa festa, mas somos uns estranhos para aquela realidade simbólica. Das duas uma: Ou aceitamos a posição dos sem-parte sendo-nos vedada a entrada (quem achar isto negativo consulte Demo/Gatekeeping in Jornal LuxFrágil ou em blog.luxfragil.com, ed. Março) ou enfrentamos um desses craques da noite e pedimos/vamos à boleia. Cumprimentamos com ênfase o Gatekeeper (esperando que pavlovianamente nos vá memorizando a cara) e como desenlace pagamos um drink ao “motorista”, o que poderá resultar numa pequena amizade ou até mesmo amor. Se repetirmos o tal gesto vazio social frequentemente um dia chegaremos ao topo e estaremos na caderneta. É que convém lembrar, caros amigos, que antes de existir o facebook já existia o Lux!

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