Começou a silly season

funny_684Há dias, ao desligar o telefone, depois de uma conversa com uma amiga minha, disse para mim próprio: pronto, começou a silly season!
Eu sabia que o mês de Agosto ainda vinha longe, mas o calor e as mudanças climatéricas têm efeitos estranhos nas cabeças das pessoas, e actualmente a silly season parece durar o ano todo.
Antigamente a “época tonta” estava reservada à segunda metade do Verão, altura do ano em que deputados e governantes iam a banhos, e os jornais sérios, porque ficavam sem notícias, se dedicavam à caça do fait-divers. Mas hoje, estes critérios deixaram de ter utilidade: os dias de calor são em Fevereiro, os deputados parecem estar sempre de férias, e os jornais não fazem outra coisa senão relatar faits-divers o ano todo. O meu cavalo faz acupunctura ou Fazer xixi no chuveiro faz bem ao planeta ou Se o seu cão fosse apanhado pedrado, você continuava amigo dele?, são agora exemplos de notícias de todos os dias. E não estou a inventar. Fui agora mesmo buscá-los à net a um site de um jornal de referência.
Portanto, uma vez que os indicadores tradicionais deixaram de funcionar, a questão que se põe é: como se determina o início da silly season? Será que alguém sabe?
Decidi colocar a questão no Facebook, mas como ninguém me respondeu nos primeiros 5 minutos, fiquei sem saber se era por desconhecimento ou por estarem todos na praia, e eu ser o único silly agarrado ao computador aos 30°C de um dia feriado.
A verdade é que “temporadas tontas” há muitas. São como os chapéus: há em vários tamanhos e para todos os gostos. Este ano, por exemplo, vai ser especial. Com três eleições à porta é difícil que a “sillyce” não aumente exponencialmente. Mas num ano normal a temporada abre em Fevereiro, com a Silly Week of Lisbon TM. Esta “época tonta” caracteriza-se por uma anormal subida das temperaturas, fenómeno que leva as pessoas a quererem ir todas viver para o Brasil vender artesanato na praia. Geralmente voltam apaixonadas por um argentino, sentimento que passa com o regresso das chuvas e do tempo frio.
Em meados de Maio, e quando o tempo o permite, temos os Silly Weekends at MecoTM. É um fenómeno curioso porque “lisboa” foge toda da cidade, para se encontrar nua a 50 km de distância. Talvez menos. Mas eu confesso que há coisas que prefiro não ver. A sério. Juro!
Em finais de Julho, princípios de Agosto, temos a Silly Week of Zambujeira TM. Praia, marisco e pó, muito pó, e um bom festival de música. Noutros tempos era a verdadeira época tonta do ano, com muita gente verdadeiramente tonta, mas com pinta, à mistura. Hoje é uma espécie de versão freak da Costa de Caparica e já não há marisco. Comeram-no todo. Dantes ainda havia lá um gajo que ia à pesca. Mas agora já não vai. Só pesca homens. E faz muito bem. Já não consegue comer percebes.
A seguir temos Agosto, o mês tonto por excelência. Em Portugal temos uma vantagem. Fica tudo concentrado no Algarve. O que até nem é mau, porque permite ao resto do país respirar de alívio. Como máximo da sandice há a destacar as Silly Cone White Parties TM, embora o fenómeno também possa acontecer num pavilhão qualquer em Lisboa. As pessoas vestem-se todas de branco e abanam freneticamente o silicone ao som do Carlos Paião, da Maria Armanda (a que viu um sapo), dos Xutos (antigos), das Doce ou do “Tarzan Boy”. Também pode acontecer vir um DJ holandês qualquer passar techno chunga e euro-trance.
Depois temos a silly season da rentrée política, que este ano promete ser para lá do nunca visto. Mesmo assim, acho difícil que alguém consiga bater o Chão da Lagoa. Mas não vamos falar sobre isso.
O ano termina com a Silly Christmas Week TM, que não é uma semana mas o mês todo de Dezembro. Porém a parte que eu mais gosto é a semana anterior à do Natal, altura em que as pessoas se desdobram em vários jantares de empresa e oferecem prendas (geralmente sex toys) a amigos pseudo-secretos.
Como podem ver por esta pequena amostra, silly seasons é o que não falta. E não é só cá que acontece, no estrangeiro também. Mas no estrangeiro é sempre melhor.
Entretanto, e como continuava sem saber o que determina o início da época aturdida, voltei a consultar o Facebook. Uma pessoa tinha gostado da pergunta, outra tinha respondido. É a vantagem de se trabalhar online. “A silly season é quando um silly man quiser”, disse o Valdemar. Ora, por mim pode começar já.

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