Quem é Len Faki?

faki2

O  autor das mais vertiginosas e infaliveis malhas da temporada vem  ao Lux para um dj set inteirinho assinado por si. Nome: Len Faki. Data:   19 de Fevereiro. 

 

Onde começa esta história? Numa música. Ou será melhor e mais contemporâneo dizer “num tema” ou “numa faixa”? Pouco interessa. No fim – e no princípio – é tudo uma questão de som. Ou das virtudes sensoriais do som. É essa a história de “Odyssee II”.

Andemos um pouco para trás. Lembras-te quando tudo para ti era novo? Lembras-te do prazer enorme de ouvir coisas novas? De descobrir sons? De perceber o efeito que eles tinham em ti? De ter vontade de ouvir mais? 

Então? Achavas que isso tinha acabado? Que já foi tudo feito?

Se estás a ler isto até pode ser que não seja assim. É perfeitamente possível que estejas a par dos sons que vão aparecendo por aí, que saias na medida do possível, ou até um pouco mais que o desejável, mas (há sempre um mas não há?), subsiste o risco de achares que já não te surpreendes. É o problema destas coisas: entre a exigência e o cinismo podem ir muitos prazeres pelo cano abaixo.

Pois fica sabendo: É só quereres! O mundo não parou de rodar, não há razão para tu parares de dançar. Agora, o que é que pode, nesta conjuntura desvairada, tornar tudo diferente? O que é que pode, ainda e sempre, fazer-te pensar que não foi só mais uma noite?

Talvez um senhor que vem de Berlim, de um clube que fica numa zona estranha da cidade. Uma zona com um ar de abandono, num limbo urbano daqueles que parecem estar à espera de voltar a ser qualquer coisa. Um clube num antigo edifício industrial, imponente e grave, de betão e janelas grandes, daqueles que despertam a nossa curiosidade e nos obrigam a imaginar o que se passa lá dentro.

Chama-se Berghain – Panorama Bar e, na prática, não é um, mas sim dois clubes em pisos diferentes. Faltam os espelhos, não se capta imagem, em várias zonas a iluminação é quase inexistente, por todo o lado somos confrontados com a antiga função industrial. Então, o que é que o torna tão recomendável? Primeiro: é um clube onde se ouve óptima música; segundo: o facto de nos despertar a imaginação.

Recapitulando: o senhor que vem de Berlim chama-se Len Faki, tem residência no (aclamado) Berghain e é responsável por uma das melhores malhas do ano passado: “Odyssee II”.

Claro que esta é uma afirmação que pode ser fundamentada sob a perspectiva da arte musical, ou despejando referências abonatórias de DJs, publicações da especialidade, blogs e etecetera e tal. Mas nada nos impede de fazer uma abordagem entre o sensorial e o afectivo. Também é importante, não é?

Então cá vai:

É som sensorial!

Se fores mais pela dança introspectiva a solução seria encher estas linhas de onomatopeias que consigam descrever sons que te fazem cerrar os olhos, que te dão arrepios, que te fazem sentir que vale a pena: estar ali, naquele instante. 

Se gostares de olhar para quem está a dançar à tua volta, então serão os sorrisos que não esquecerás. Os abraços e a comunhão. 

De olhos bem fechados ou não, a dado momento vais pensar: este gajo é louco!

Quando isso acontecer, todos à tua volta vão estar como tu: espantados com o poder do som que ouvem. Isto é o que tem acontecido sempre que na pista do Lux se ouve o “Odyssee II” do Len Faki. E não é só o “Odyssee II”. Também há o “Death by House” ou os “Deltas”. Malhas tão pouco subtis como infalíveis. Agora a questão é, se uma música provoca isto tudo, o que esperar de um set de DJ inteirinho do seu autor? Há sempre as descrições das actuações do Len Faki no Berghain: sets longos, variados e intensos. Há sempre as onomatopéias cerebrais.

Nesta matéria, como em tantas outras, não há nada como ver para crer. Por isso sê altruísta, faz um favor a ti mesmo e vai dançar. Se alguém te fizer um comentário por saíres numa quinta à noite, diz-
-lhe que está frio e que a dança aquece. Diz que estás a ser invadido por aquela ânsia e impaciência dos grandes momentos antecipados. Telefona a mil e uma pessoas que partilham contigo sorrisos trocados em noites fantásticas. Não tenhas medo: a vida é assim mesmo. Tens de ser um pouco louco, às vezes. Quem não arrisca não petisca. Tudo se conjuga para que possas ter uma noite incrível. Depende só de ti, tudo o resto está a teu favor, és um sortudo, bem podes dizê-lo.

Lembra-te, respeitar o corpo não é só jogar à defesa. É dar-lhe uso, se não definha e tu com ele.

0 Responses to “Quem é Len Faki?”


Comments are currently closed.